O
CEMITÉRIO DE BENTO QUIRINO
São Simão sempre foi
uma cidade de clima bom, e inclusive a água, e tudo pareciam estar dentro das
conformidades, e por um absurdo uma doença que cortou em uma grande parte a
ascensão e o progresso da cidade, “A Febre Amarela”. E tudo parecia estar
normal, o comércio deslanchando, a cidade crescendo imigrantes chegando, o
clima era tão bom que fez um médico a voltar sua visão para construção de uma
ferrovia movida a vapor, para efetuar o transporte do café, que na ocasião era
a principal cultura.
Esse médico Dr. Jorge
Cezimbra Fairbanks, de naturalidade baiana deu inicio da Cia de Melhoramentos
de São Simão, o transporte era a principal atividade na cidade, ele (Dr.
Jorge), vendo que era um negócio vantajoso convidou seu irmão Rufo Cezimbra
Fairbanks, a deixar seus negócios na Bahia e vir para São Simão, trabalhar como
carroceiro na cidade, Rufo não tinha estudos em Faculdade simplesmente o curso
primário. São Simão necessitava de mais médicos, Dr. Jorge sabia que outro
irmão seu João Cezimbra Fairbanks estava por terminar o curso de medicina na
Bahia.
Com o mesmo
procedimento que fizera com Rufo, convidou o Dr. João a vir também para São
Simão, ao acabar de contrair matrimônio na Bahia Dr. João Cezimbra Fairbanks,
veio com sua esposa Melânia a completar a vaga de médicos na cidade. No
princípio do ano de 1895, na Câmara Municipal era lido um Ofício da Secretaria
dos Negócios do Interior, comunicando o aumento de casos de febre amarela em
Santos, o alarme da Secretaria não obteve sucesso e no mês de fevereiro de
1896, o médico chefe da saúde publica de São Simão, o Dr. José Vieira Neto Leme
informava de que já era grande o número de doentes na cidade, muitos deles
pobres e sem meios para tratamento.
Arquivo Pessoal;
Dr. José Vieira Neto Leme
Dr. João Cezimbra Fairbanks
No dia 2 de março um
Vereador indagava “quais as providências deveriam a ser tomada”, a doença tomou
grandes proporções e o número de mortos aumentando sucessivamente, a
Intendência Municipal representada pelo alferes Cláudio Louzada, solicitava
verba para a construção de um abrigo (lazareto), a capacidade do cemitério de
São Simão já estava quase lotada, o por conta disto o Dr. João Cezimbra Fairbanks
enviou um requerimento a Câmara solicitando a construção de um novo cemitério,
e de imediato o requerimento foi atendido, o Dr Jorge Cezimbra Fairbanks já com
um estudo pronto para a mudança
do traçado de sua ferrovia, deixou a Estação Central em São Simão, (hoje Santa
Casa) para serem levados ali os doentes, fizeram uma mini reforma e
transformaram a estação num pequeno hospital chefiado pelo Dr. Neto Leme, a
epidemia da Febre se instalou de vez, por não ter condições a história conta
que: à noite na última visita do Dr. Neto Leme, ele entregava aos doentes uma
poçãozinha dizendo para todos tomarem que aquele remédio iria curá-los, eram
muitos os mortos que o Dr. Neto Leme desistiu de salvá-los, na manhã do dia
seguinte para sua surpresa estava uma senhora (Domingas Quartarola Sicca),
sentada na cama ela também estava com a doença, mas não tomou o remédio,
enquanto aos outros que tomaram o milagroso remédio estavam todos mortos. De
imediato a Intendência mandou construir um novo cemitério em mata adentro
distante o da cidade pelo menos uns quatro quilômetros para evitar
contaminação, (até então não sabiam como essa doença era transmitida), essa
construção deu-se nas mata da fazenda Restinga, (hoje Bento Quirino).
Arquivo Pessoal: foto do dia 12.10.1950
Entrada do Cemitério de Bento Quirino
Dr. Jorge Fairbanks isolou
sua família em sua casa, e pedindo para seu irmão Rufo Fairbanks fazer a mesma
coisa, e por segurança da sua família o Dr. João Fairbanks, havia mudado para
Vila Bonfim (hoje Bonfim Paulista), com tudo isso acontecendo Rufo contraiu a
doença, Dr. Jorge lutou com toda a sua experiência de médico e não obteve
sucesso, e Rufo veio a falecer no dia 01 de janeiro de 1896, com 36 anos de
idade, Dr. João Fairbanks ao tomar conhecimento da morte de seu irmão Rufo,
voltou imediatamente para São Simão deixando em Vila Bonfim sua esposa Melânia
com a mãe dela. No dia 10 de janeiro de 1896 o Dr. João Cezimbra Fairbanks
tomava posse como Presidente da Câmara Municipal, e volta a morar novamente em
São Simão.
Cemitério de Bento Quirino foto do dia 12.10.2012
Foto cedida gentilmente pelo pároco de Bento Quirino Pe.
André Luiz Massaro
A estrada que vemos atrás do cemitério é o antigo leito da linha da São Paulo e Minas, na mudança do traçado que o Dr. Jorge Fairbanks fez, arrancando a linha de São Simão até Santa Maria, e assentando os trilhos de Santa Maria para a fazenda Restinga (hoje Bento Quirino).
O primeiro sepultamento
neste novo cemitério (imagem abaixo), e sendo o último em São Simão, o corpo de José
Martimiano de Oliveira, no dia 19/07/1896.
Arquivo Pessoal: Foto de 05.2012
Sessenta e dois anos que separa uma foto da outra,o cemitério de Bento Quirino passou a ser ocupado pelas familias abastadas de São Simão e região que sepultavam ali seus ente-queridos, com grandes túmulos de mármore que chamavam atenção das pessoas que ali passavam... !!!
A Estrada de Ferro São Paulo e Minas, tanto em São Simão/Bento Quirino que era sua sede participava ativamente nos dois lugares quer a ferrovia transportando cargas, ou mesmo seus donos e diretores ajudando... !!!
JRF.
Ribeirão Preto - sp.
Boa noite!
ResponderExcluirVi nesse post que você tem uma foto do João Cezimbra Fairbanks no seu arquivo pessoal (ao menos foi o que entendi pela postagem)
Sou tataraneto dele, e não tenho nenhuma foto dele. Gostaria de saber se poderia escaneá-la e me mandar. É possível?
Meu contato: felipe.fairbanks@gmail.com
Obrigado!