SÃO PAULO E MINAS
A
“ESTRADA” DA MINHA VIDA
Roberto Querido In memoriam
Em
1896, por uma decisão judicial a Companhia Melhoramentos de São Simão foi
declarada extinta e obrigada a encerrar suas atividades. No ano seguinte Dr.
Jorge Cezimbra Fairbanks, um dos acionistas da ex-companhia de melhoramentos,
tornou-se incorporador dos bens da Estrada, que passou a denominar-se Cia.
Viação Férrea de São Simão. Em 1901 o Dr. Jorge Fairbanks adquiriu a Estrada,
alterando a sua denominação para Estrada de Ferro São Paulo e Minas.
Depois
de conseguir capital para prosseguir com a exploração da linha, deliberou
modificar o seu traçado para desviá-lo da serra de São Simão. Contratou então
com a Cia Mogiana o entroncamento da Estrada em outro local, ou seja, no
quilômetro 264 nas terras da antiga fazenda Restinga, onde a Cia Mogiana tinha
instalado ali provisoriamente um vagão, e mais tarde a Estação tinha o nome de
Bento Quirino, sendo o primeiro Chefe desta Estação o Sr. José Silveira.
Em
1906 a Estrada passava para os incorporadores da The São Paulo and Minas
Railway & Company, na pessoa de seu superintendente o Dr. James Martin
Stuart, o avançamento prosseguia rumo às raias de Minas Gerais, em 1907 era inaugurada
a estação de Serrinha (hoje Ipauna) e, em 1908 era lançada a ponte sobre o Rio
Pardo, essa ponte importada da Inglaterra em peças, que foi toda montada às
margens do Rio, do lado de Serrinha e depois puxada com cabos de aço e guincho
para o seu devido lugar definitivo, e nessa ocasião o Dr. Jorge Fairbanks, se
desentendeu com o Dr. Stuart e afastou da Estrada definitivamente.
Em
princípios de 1909 foi inaugurada a estação de Mato Grosso na antiga Vila de
Nossa Senhora da Piedade de Mato Grosso, e depois Mato Grosso de Batatais (hoje
Altinópolis), a estação funcionava em um vagão e sendo o seu primeiro Chefe o
Sr. Mário Gama. Consta que, pelo projeto primitivo a Estrada não devia passar
por Altinópolis, mas seguir de Fradinhos (antigo Val de Areias), diretamente a
Congonhal, a pedido dos moradores e dos fazendeiros a linha foi desviada para
Mangueiros e em seguida Altinópolis. Ainda em 1909 era inaugurada a estação de
Taboca (depois Congonhal), e em 1910 a ponte do Rio Sapucahy era transportada pela
primeira vez por uma das locomotivas “peroba”.
Valendo-se
de uma autorização da Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso, concedida
ao Coronel Pimenta de Pádua para a exploração de uma estrada de ferro daquela
cidade às raias do Estado de São Paulo, e transferida posteriormente ao Dr.
James M. Stuart, a São Paulo e Minas continuava com seu avançamento pelo
território mineiro. Em outubro de 1910 era inaugurada a estação de Guardinha, e
em novembro a estação de Sapé (hoje José Honório), e finalmente em maio de 1911
as pontas dos trilhos alcançavam São Sebastião do Paraíso, sendo a estação
inaugurada oficialmente no dia 15 daquele mês.
Nesse
dia circulou um trem especial partindo de Bento Quirino às 06h30min da manhã
conduzindo convidados, e inclusive um time de futebol de Bento Quirino para
jogar em São Sebastião do Paraíso e participando do quadro os Srs. Guido
Carramaschi, e Antônio Ferret, o guarda trem foi o Sr. Jorge Machado entre
outros, o primeiro chefe dessa estação foi o Sr. Manoel Mattos. Tinha a linha à
extensão total de 136 quilômetros mais 612 metros em bitola de 0,60 cm.
Nesse
ano eram os seguintes os chefes das Estações da Estrada:
Serra Azul,.............. o Sr. Luciano Gama
Serrinha,............... o Sr. Victor Machado
Mato Grosso,.............. o Sr. Mário Gama
Guardinha,.... o Sr. Deoclécio de Carvalho
Sapé,.................. o Sr. Leovegildo Costa
São Sebastião do Paraíso, o Sr. Manoel Mattos
Guardas-trem:
o Sr. Manoel Pacheco e o Sr.Jorge Machado.
Maquinistas:
Sr. Antônio Junker, e o Sr. Joaquim Jorge e João Beniti.
Era
encarregado da construção da linha telegráfica o Sr. Ismael Augusto, o mestre
de linha o Sr. José Antônio Barreiros, e mestre das oficinas em Bento Quirino o
Sr. Alfredo José Rodrigues.
Nos
primeiros anos após sua chegada a São Sebastião do Paraíso, a Estrada de Ferro
São Paulo e Minas apresentava saldo, mas a partir de 1914 com a inauguração da
estação da Cia Mogiana, a SPM passou para o regime de “déficit” do qual nunca
mais saiu. Em 1914 o Dr. James Martin Stuart afastou-se da Estrada para
administrar uma outra ferrovia na Bahia, levando consigo o Mestre de Linha o
Sr. José Antônio Barreiros, para o seu lugar foi nomeado o feitor o Sr. Higino
Fernandes.
Durante
a ausência do Dr. James Stuart (que mais tarde voltaria para a São Paulo e
Minas), ficou na superintendência o seu irmão o Dr. Henri Stuart, e nesse mesmo
ano a título de economia foi reduzido o número de turmas de conserva de, 19
para 11.
Do
ano de 1914 a 1916 exerceu o cargo de Contador e chefe do Tráfego o Sr. F. A.
Camargo, em 1917 o Sr. Laudelino dos Santos, de 1918 a 1923 o Sr. Justino
Franco, de 1923 a 1928 o Sr. Luiz Franco,e em 1928 o Sr. Marcilio Bondesan, que
iniciou sua carreira ferroviária como praticante de telégrafo, e foi nomeado
Chefe do Tráfego onde ficou ate 1945, e o Sr. Luiz Franco passou a ocupar o
cargo de Contador.
De
1945 a 1965 (vinte anos), o Chefe do Tráfego foi Roberto Querido, com sua aposentadoria assume a chefia o Sr. Carlos
Frigheto, e com a aposentadoria deste assume a chefia do Tráfego o Sr. José
Querido que permaneceu no cargo até a formação da FEPASA.
Parte
do Texto: SÃO PAULO E MINAS – A “Estrada” da minha vida.
Escrito
por ROBERTO QUERIDO.......... In memoriam... !!!
Organizado: José Roberto França
Ribeirão Preto - sp.
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