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sábado, 10 de novembro de 2012

SÃO PAULO E MINAS





SÃO PAULO E MINAS
A “ESTRADA” DA MINHA VIDA
Roberto Querido In memoriam







Em 1896, por uma decisão judicial a Companhia Melhoramentos de São Simão foi declarada extinta e obrigada a encerrar suas atividades. No ano seguinte Dr. Jorge Cezimbra Fairbanks, um dos acionistas da ex-companhia de melhoramentos, tornou-se incorporador dos bens da Estrada, que passou a denominar-se Cia. Viação Férrea de São Simão. Em 1901 o Dr. Jorge Fairbanks adquiriu a Estrada, alterando a sua denominação para Estrada de Ferro São Paulo e Minas.

Depois de conseguir capital para prosseguir com a exploração da linha, deliberou modificar o seu traçado para desviá-lo da serra de São Simão. Contratou então com a Cia Mogiana o entroncamento da Estrada em outro local, ou seja, no quilômetro 264 nas terras da antiga fazenda Restinga, onde a Cia Mogiana tinha instalado ali provisoriamente um vagão, e mais tarde a Estação tinha o nome de Bento Quirino, sendo o primeiro Chefe desta Estação o Sr. José Silveira.

 A essa altura Bento Quirino era um lugarejo de duas ou três casas à beira do Ribeirão Águas Claras e mais um cemitério construído em 1896, para substituir o de São Simão que já estava com sua capacidade esgotada, e precisava ser interditado devido à febre amarela que grassava a região. Em 1902 procedia-se o arrancamento dos trilhos do trecho de São Simão a Santa Maria, e sendo reimplantado o de Santa Maria para Bento Quirino, onde ao mesmo tempo era construída uma casa de madeira para servir de moradia do Dr. Jorge Fairbanks, e um pequeno barracão que serviria de oficinas. A oficina propriamente dita e o escritório seriam construídos mais tarde em 1906.

Em 1906 a Estrada passava para os incorporadores da The São Paulo and Minas Railway & Company, na pessoa de seu superintendente o Dr. James Martin Stuart, o avançamento prosseguia rumo às raias de Minas Gerais, em 1907 era inaugurada a estação de Serrinha (hoje Ipauna) e, em 1908 era lançada a ponte sobre o Rio Pardo, essa ponte importada da Inglaterra em peças, que foi toda montada às margens do Rio, do lado de Serrinha e depois puxada com cabos de aço e guincho para o seu devido lugar definitivo, e nessa ocasião o Dr. Jorge Fairbanks, se desentendeu com o Dr. Stuart e afastou da Estrada definitivamente.

Em princípios de 1909 foi inaugurada a estação de Mato Grosso na antiga Vila de Nossa Senhora da Piedade de Mato Grosso, e depois Mato Grosso de Batatais (hoje Altinópolis), a estação funcionava em um vagão e sendo o seu primeiro Chefe o Sr. Mário Gama. Consta que, pelo projeto primitivo a Estrada não devia passar por Altinópolis, mas seguir de Fradinhos (antigo Val de Areias), diretamente a Congonhal, a pedido dos moradores e dos fazendeiros a linha foi desviada para Mangueiros e em seguida Altinópolis. Ainda em 1909 era inaugurada a estação de Taboca (depois Congonhal), e em 1910 a ponte do Rio Sapucahy era transportada pela primeira vez por uma das locomotivas “peroba”.

Valendo-se de uma autorização da Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso, concedida ao Coronel Pimenta de Pádua para a exploração de uma estrada de ferro daquela cidade às raias do Estado de São Paulo, e transferida posteriormente ao Dr. James M. Stuart, a São Paulo e Minas continuava com seu avançamento pelo território mineiro. Em outubro de 1910 era inaugurada a estação de Guardinha, e em novembro a estação de Sapé (hoje José Honório), e finalmente em maio de 1911 as pontas dos trilhos alcançavam São Sebastião do Paraíso, sendo a estação inaugurada oficialmente no dia 15 daquele mês.

Nesse dia circulou um trem especial partindo de Bento Quirino às 06h30min da manhã conduzindo convidados, e inclusive um time de futebol de Bento Quirino para jogar em São Sebastião do Paraíso e participando do quadro os Srs. Guido Carramaschi, e Antônio Ferret, o guarda trem foi o Sr. Jorge Machado entre outros, o primeiro chefe dessa estação foi o Sr. Manoel Mattos. Tinha a linha à extensão total de 136 quilômetros mais 612 metros em bitola de 0,60 cm.



Nesse ano eram os seguintes os chefes das Estações da Estrada:

Serra Azul,.............. o Sr. Luciano Gama
Serrinha,............... o Sr. Victor Machado
Mato Grosso,.............. o Sr. Mário Gama
Guardinha,.... o Sr. Deoclécio de Carvalho
Sapé,.................. o Sr. Leovegildo Costa
São Sebastião do Paraíso, o Sr. Manoel Mattos



Guardas-trem: o Sr. Manoel Pacheco e o Sr.Jorge Machado.
Maquinistas: Sr. Antônio Junker, e o Sr. Joaquim Jorge e João Beniti.
Era encarregado da construção da linha telegráfica o Sr. Ismael Augusto, o mestre de linha o Sr. José Antônio Barreiros, e mestre das oficinas em Bento Quirino o Sr. Alfredo José Rodrigues.

Nos primeiros anos após sua chegada a São Sebastião do Paraíso, a Estrada de Ferro São Paulo e Minas apresentava saldo, mas a partir de 1914 com a inauguração da estação da Cia Mogiana, a SPM passou para o regime de “déficit” do qual nunca mais saiu. Em 1914 o Dr. James Martin Stuart afastou-se da Estrada para administrar uma outra ferrovia na Bahia, levando consigo o Mestre de Linha o Sr. José Antônio Barreiros, para o seu lugar foi nomeado o feitor o Sr. Higino Fernandes.

Durante a ausência do Dr. James Stuart (que mais tarde voltaria para a São Paulo e Minas), ficou na superintendência o seu irmão o Dr. Henri Stuart, e nesse mesmo ano a título de economia foi reduzido o número de turmas de conserva de, 19 para 11.
Do ano de 1914 a 1916 exerceu o cargo de Contador e chefe do Tráfego o Sr. F. A. Camargo, em 1917 o Sr. Laudelino dos Santos, de 1918 a 1923 o Sr. Justino Franco, de 1923 a 1928 o Sr. Luiz Franco,e em 1928 o Sr. Marcilio Bondesan, que iniciou sua carreira ferroviária como praticante de telégrafo, e foi nomeado Chefe do Tráfego onde ficou ate 1945, e o Sr. Luiz Franco passou a ocupar o cargo de Contador.

De 1945 a 1965 (vinte anos), o Chefe do Tráfego foi Roberto Querido, com sua aposentadoria assume a chefia o Sr. Carlos Frigheto, e com a aposentadoria deste assume a chefia do Tráfego o Sr. José Querido que permaneceu no cargo até a formação da FEPASA.

Parte do Texto: SÃO PAULO E MINAS – A “Estrada” da minha vida.
Escrito por ROBERTO QUERIDO..........  In memoriam... !!!




Organizado: José Roberto França




Ribeirão Preto - sp.


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